sábado, 28 de março de 2009

Parto Humanizado

Tudo começou com um “muito obrigada, doutor, por ter trazido ao mundo meu filho lindo e com saúde”. Isso ocorreu em 1985 (eu cursava o 3º ano de faculdade), quando estava de plantão num dos hospitais em que eu trabalhava. A gratidão da mãe e a energia que pairava naquele momento decidiram prematuramente o meu futuro profissional.
Comecei a identificar nos “obrigada, doutor...” a minha própria vida e isso perdura até hoje, por isso defendo o parto humanizado.
A humanização do parto e do nascimento pretende oferecer à mulher a oportunidade de passar pelo trabalho de parto com conforto e segurança. Proporciona ao bebê recém-nascido uma “chegada” menos traumática ao mundo novo, respeitando-se a necessidade de ambos, mãe e bebê, continuarem juntos para se conhecerem “pelo lado de fora”, principalmente na primeira hora de vida.
O parto humanizado envolve a participação do pai em todos os momentos. Deseja-se estreitar os laços familiares, o que é fundamental para o bom desenvolvimento emocional e neurológico da criança. Desta forma, todos serão benefi ciados pela chance de poder viver intensamente uma experiência positiva, prazerosa e saudável, muito diferente do que é exibido pela TV e comentada pelas “comadres”.
A enfermeira obstetra – profi ssional membro da equipe do médico obstetra – acompanha a gestante e seus familiares, desde sua internação até a alta hospitalar.
Presente durante todo o trabalho de parto, a enfermeira avalia o bem-estar fetal e a parturiente freqüentemente, orientando-a sobre o que está acontecendo e incentivando-a a participar de cada etapa: respirar e relaxar corretamente e fazer exercícios que favorecem o parto vaginal.


O bebê é recebido à meia-luz, com música suave para que os impactos sofridos pela mudança do meio intra-uterino sejam amenizados e sua adaptação aconteça de forma gradativa e menos hostil.
Trata-se de um momento em que o psiquismo do bebê está muito estimulado, excitado. O parto significa uma grande mudança na vida do feto e, sobretudo, uma separação brusca de sua mãe, o seu único ‘porto seguro’. Afi nal, ele usufruiu de proteção, alimentação e temperatura ideais dentro do ventre materno por longos nove meses. Ao nascer, o bebê é capaz de identifi car imediatamente o cheiro, o calor, a voz e os batimentos cardíacos da mãe e ele precisa ser levado a ela o quanto antes para se sentir seguro e protegido. Tão logo o pediatra avalie e autorize, a enfermeira auxilia o papai a colocar o recém-nascido numa banheira com água morna localizada ao alcance dos olhos da mãe. O objetivo é tranqüilizar, aquecer, relaxar e acariciar. Após o banho (ainda na sala de parto), o bebê é colocado junto à mãe e estimulado a sugar o seio, permanecendo com ela até o término do parto.
O vínculo estabelecido através da intimidade pele-a-pele compartilhada entre a mãe, o filho e o pai, desde os primeiros momentos da vida da criança, é fator importantíssimo para o sucesso do aleitamento materno. O desempenho do bebê é melhor, as dificuldades maternas são menores e, com o apoio diário da enfermeira, a mamãe se sentirá mais segura e feliz em poder oferecer ao seu filhinho esta riqueza.*

*A assistência humanizada ao nascimento também pode ser realizada nos casos de parto cesárea.

Dr. Renato Kalil,
ginecologista e obstetra

Kalil Clínica Ginecológica
Rua Dr. Eduardo de Souza Aranha, 99 - Vila Nova Conceição
Tel: 11 3845-1110

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